As mudanças climáticas têm sido apontadas por especialistas como um dos efeitos das diversas formas de destruição da natureza no planeta. A falta de um planejamento ambiental arrojado é um debate antigo e, infelizmente, na atualidade, vem gerando problemas de enormes proporções para a sobrevivência da humanidade, como o aquecimento global, as mudanças climáticas e suas repercussões nefastas nas diferentes sociedades.

A Amazônia, região essencial para o combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas no mundo, destaca-se por abrigar uma diversidade de povos tradicionais, cujos modos de vida dependem da biodiversidade e do ecossistema que a floresta oferece. Essas mudanças do clima impactam de forma múltipla os modos de vida das comunidades tradicionais, alteram sua relação com a natureza e, consequentemente, com os padrões culturais que sustentam suas subjetividades. Para essas comunidades, a oralidade é um elemento central na conservação e preservação da sua cultura, pois, por meio dela, saberes são transferidos, memórias são conservadas e subjetividades são formadas. 

A oralidade é formada historicamente, constituindo-se, assim, como um lugar sócio-histórico de produção e circulação de sentidos. Os discursos produzidos no interior das oralidades localizam-se nos embates das práticas discursivas que estão em conflito na sociedade. Abordar o tema Mudanças Climáticas e Oralidades Amazônicas: entre discursos, subjetividades e memórias implica em realizar um debate sob uma perspectiva que contempla os estudos linguísticos, os estudos literários e os estudos interdisciplinares. Isso porque a área de Letras/Linguística tem na interdisciplinaridade a base de sua concepção teórico-crítica, o que permite uma reflexão epistemológica ampla e, por essa razão, aberta a diversas possibilidades de análise.

São muitos os discursos produzidos sobre as mudanças climáticas, uma pauta urgente em nosso presente. O entrelaçamento entre os aspectos econômicos, sociais, territoriais e culturais presentes nos processos de produção, circulação e recepção dos discursos e sentidos sobre essas mudanças requer uma abordagem ampla, interdisciplinar, na qual diferentes enfoques, tais como poder, práticas sociais e simbólicas, sustentabilidade, desenvolvimento social e econômico, relações midiáticas, linguísticas, literárias, históricas, identidades e subjetividades, entre outras, passam a ser objetos obrigatórios de reflexão.